terça-feira, 12 de junho de 2007

a diáspora.

Tive que sair de Portugal e, tal como eu, muitos dos meus amigos também... Acabámos a nossa licenciatura e o que este País nos oferece é um deserto inóspito de oportunidades. Como não temos um padrinho, tio, primo, pai que nos possa oferecer um caldinho num cargo qualquer, para o qual certamente não teríamos competência alguma, e como, também, temos dentro de nós um bichinho empreendedor, trabalhador e ambicioso, não conseguimos enquadrar-nos no quadro afunilado e "apadrinhado" do mercado de trabalho deste País. Por isso fugimos deste sistema inerte (para não dizer morto!) e temos sucesso lá fora a fazer investigação, tendo contacto directo com empresas de sucesso e novas tecnologias, trabalhando horas infindáveis, mas perguntando a nós próprios porque é que não estamos no nosso País a fazer o mesmo, de forma a contribuir para o desenvolvimento e melhoria dos vis números da nossa economia. Estamos a alimentar a dinâmica de outras máquinas económicas e a ver o nosso País a vitimizar-se (há sempre uma entidade espiritual qualquer que tem a culpa pelo mau estado de Portugal). Mas há responsabilidade a ser assumida e essa responsabilidade é de todos nós. De forma constante e rítmica deixamos os meninos do poder sairem incólumes e, pior, esses mesmos meninos, após sugarem e afundarem um bocadinho mais este País, ficam em situações ainda mais favoráveis para continuarem a fazer com que Portugal patine nele próprio. Assim sendo a minha geração, que por sinal é bastante jovem, anda em diáspora, mas atenta. Esperamos, temos esperança, que algumas engrenagens deste sistema de improdução sejam eliminadas e que nós possamos ser as peças novas de uma nova máquina.


Citando João César Monteiro: "O problema de Portugal é o atavismo..."