sábado, 14 de julho de 2007


Pergunta, aqui, o Sr. Engenheiro Luís Ramos se Amarante deve ou não ter uma sala de espectáculos digna desse nome?
A resposta a esta pergunta é dada, por este, com duas novas perguntas. Pelo teor das mesmas o sr. engenheiro entende que Amarante deve ser uma referência nacional e internacional no domínio cultural pelo que é indispensável um equipamento desta natureza. Vai mais longe e parece dizer, mesmo que Amarante não venha a ser uma referência Nacional e Internacional no domínio cultural a sala de espectáculos será sempre necessária, a bem da “manutenção da Orquestra Regional do Norte no nosso concelho”.
Ou é erro de raciocínio, de lógica, ou de ambos.
Para uma cidade ter projecção mediática, que proporcione retorno financeiro não necessita de uma sala de espectáculos, nos moldes em que preconizou. Não se pense que basta uma qualquer terriola ter “uma sala com 500 ou 600 lugares sentados”(…)”um pequeno auditório exterior, um café concerto, galerias e salas de exposição" para ser uma cidade que exale.
Uma cidade só se projecta, culturalmente, com aquilo que produz e uma sala de espectáculos não produz nada. Uma cidade que não tem “movida” tarde ou nunca realiza algo que valha a pena, em termos culturais.
As grandes cidades culturais não o são pelos grandes equipamentos culturais são-no porque geram actividade cultural erudita ou underground. Viena, Seattle, New Orleans, Liverpool , Minneapolis ou Braga são conhecidas, em primeiro lugar, pela sua geração cultural não pelos equipamentos.
A CMA de Amarante é míope culturalmente, ao ponto de ter anunciado a exposição da Colecção Lamerdin como um acontecimento cultural ímpar. Devo dizer que não conheço ninguém que não tenha ficado decepcionado com a exposição, não tanto pelas obras expostas mais como foram apresentadas. Fez-me lembrar aqueles “circos pobrezinhos” com artistas ridículos.
Com o devido respeito organizar uma exposição não é dizer temos aqui uns Miró, Picasso ou Kandinsky. Já agora venham cá ver!
Amarante não tem um museu com dignidade. Visitar o museu Amadeu de Souza Cardoso durante o inverno é entrar num local húmido semeado de aquecedores para amenizar o ambiente.
A biblioteca municipal, por seu turno, é apenas um local aprazível visualmente.
A vida nocturna não existe, longe vão os tempos da “Rua do Sempre em Festa” agora a juventude tem que rumar a outras paragens.
Eu compreendo, a falta de vida nocturna, porque os “políticos”da nomenklatura, nunca foram jovens nunca fizeram parte das "reuniões" do “Café Bar” (café de São Gonçalo), não conheceram as discotecas da época, nunca tiveram a sua banda de garagem, pertenceram ao coro da igreja ou passaram o verão nos poços a jogar às cartas.
Naquela época preocuparam-se em garantir a obtenção do cartão do partido.Não estavam para brincadeiras tinham que dar ar de político, ser palavroso, e não se afastar muito da Confeitaria Mário. Em suma tratar da vidinha.
Enfim para quê uma sala de teatro com uma efectiva caixa de palco, boca de cena, etc., se a oferta cultural de verão, para uma cidade que fica a apenas 20 minutos do Porto, é uma amálgama sem alvo definido.
Basta um palco no meio do largo de São Gonçalo, a Banda Musical de Amarante tocar e um discurso do Presidente da Câmara em mais uma homenagem.
Os políticos, que se dizem não populistas, devem em primeiro lugar devolver a Amarante o Parque Florestal, o Rio Tâmega e a praia fluvial.
Hoje em dia segundo me dizem visitam mais pessoas ao parque aquático da RTA que à zona velha de Amarante.
Como os políticos iluminados de Amarante gostam de "por a carroça à frente dos bois" construíram uma pousada de juventude tendo em vista a “ dinamização turística da cidade e do concelho no seu conjunto, pois permite que o tipo de público habitualmente frequentador das pousadas de juventude, na sua maioria jovem, venha até Amarante”, diz quem sabe que os custos de exploração são incomportáveis e se acaso chegar, à pousada, uma camioneta com 50 jovens alguns vão ter que dormir na pensão.
Infelizmente "há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida."