domingo, 22 de junho de 2008


Amarante nasceu sob o signo do património, da arte e da cultura.
O seu centro histórico e o rio imprimiram características fortes à cidade no entanto, apesar dessas características, a marca distintiva do concelho é, hoje, incipiente.
Até aos anos sessenta Amarante manteve o seu traço de terra nobre, os anos que se seguiram foram de aumento da construção resultante das necessidades sociais de bem-estar.
Durante a década de sessenta e setenta Amarante sentia o bem estar social proporcionado pelo emprego, garantido essencialmente pelas industrias da madeira com a Tabopan à cabeça mas onde apareciam também empresas como a da família Avelino Alves e na área da metalomecânica a da familia Matias.
A área urbana era foco de turismo que surgia alavancada pelo prestígio cultural e ambiental.
O parque florestal aliado ao rio Tâmega, com a sua praia fluvial, a par com o Parque de Campismo, foram durante as décadas de 70 e 80 verdadeiras âncoras da vila.
Os meses de Agosto e Setembro mostravam uma Amarante cosmopolita.
É a partir da década de 80, após a construção da Barragem do Torrão, que a cidade ficou refém de águas estagnadas.
O executivo que presidiu aos destinos da terra, por incompetência, não cuidou em preservar os valores botânicos, geomorfológicos e paisagísticos.
Os autarcas de então mostraram desconhecer o quão difícil foi a construção do ex-líbris da cidade –O Mosteiro de São Gonçalo.
Os políticos desrespeitaram os homens que venceram o obstáculo do rio Tâmega por um lado e rocha granítica por outro para alicerçar as fundações da construção do convento e do mosteiro.
Este núcleo, após a construção da Barragem do Torrão, ficou prejudicado pois por um lado a CMA não soube, ou não quis, negociar contrapartidas por outro a falta de contrapartidas prejudicaram a estruturação e reestruturação do espaço.
Não nos podemos esquecer que a CMA nunca investiu na requalificação da qualidade ambiental nem nunca pediu responsabilidades pela sua degradação.
Os anos 90 foram anos de degradação na agricultura e no emprego, com a consequente diminuição de bem-estar social e o regresso à emigração.
Hoje em dia a falta de emprego os baixos salários, a precariedade além de promoverem um novo conceito de emigrante, aquele que ao domingo à noite parte numa carrinha para Espanha, cria exclusão e novas formas de pobreza.
O partido do poder em Amarante, andou durante anos a “embalar meninos” com a ideia de criar um pólo universitário, sem qualquer resultado.
O presidente da Câmara tentou esboçar um discurso para a agricultura esqueceu-se que já era tarde, que Amarante é zona de minifúndio e que os agricultores são velhos e os filhos emigraram para a Suíça, Alemanha ou França.
Não cuidou em promover o principal produto, o vinho verde, não de uma forma tradicional mas, como foi feito em outros locais, promovendo-o à condição de produto novo.
Hoje, fruto da persistência de pequenos agricultores, já se produz o novo vinho verde elevado à condição de espumante. Este produto, caso haja uma forte aposta publicitária, tem futuro e viabilidade económica.
O roteiro do turismo em Amarante, fruto de falta de saber e do saber fazer, está por criar!
Os dominicanos já há muito saíram de Amarante mas deixaram uma âncora turística pronta para ser trabalhada pelos Amarantinos.
No entanto a falta de empenho dos consecutivos executivos, aliados às cumplicidades politicas, à indiferença, à resignação e conformismo ditaram a actual condição da vila e o do concelho.
Amarante está velha graças ao governo de um grupo de políticos sem ideias ou perspectivas de ideias.
A título de exemplo Amarante que durante as décadas de 60, 70,80 e inícios de 90 foi um centro de diversão nocturna, viu desaparecer as discotecas e os bares que lhe deram vida, hoje os que existem são uma pálida presença do que existiu. Os jovens preferem paragens mais atraentes.
As tílias outrora a “rua do sempre em festa” viu desaparecer o Bingo, a discoteca Dona Loba, o Pub Ante Maranus e o bar de alterne Diamante Negro.
Num ápice àqueles locais, com maior ou menor importância, outros se lhe juntaram.

A juventude que sempre se encontrava no Café Bar (Café São Gonçalo) quase desapareceu.

O aumento do consumo de álcool e das drogas proliferam mostrando uma nova fauna nas ruas da cidade umas vezes nos Pardieiros, na Estação na... .
O executivo camarário não tem ou demonstra ter uma única ideia que seja para conter este castigo. Não hà uma ideia para a integração social desses jovens, algo que lhes proporcine uma oportunidade ou esperança.
Fora de Amarante, em Vila Meã por exemplo, há mais do mesmo.

Medidas… nenhumas!
Amarante vai sobrevivendo, sob o signo da incompetência, da pequena politica e da mesquinhez “franciscana”.
(Continua)

Um comentário:

Anônimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado