sábado, 11 de outubro de 2008

Porque é que havemos de pagar a crise?



O meu amigo Varandas enviou-me a fotografia que pontua este post.

Habituamo-nos a ver as exigências de manifestantes seja por melhores salários, contra esta ou aquela politica social.

Não esperávamos, definitivamente, ver manifestações onde se reclama a diminuição das taxas de juro.

É um lugar-comum dizer que temos que pagar “a crise” para acabar com a crise caso contrário acabará ela connosco.


É certo que tivemos e temos um problema com as entidades reguladoras.

Entidades dirigidas por indivíduos escolhidos, não se sabe com que critério, por outros que saltam dos partidos para o governo do governo para as entidades reguladoras e destas para as empresas.

Se este não for o trajecto o que é certo é que a promiscuidade pontua entre a política e a alta finança.

Apercebemo-nos no caso BCP, por exemplo, do que não funcionou e do que funcionou.

Por um lado não funcionou a entidade tutelar ou seja o Banco de Portugal.

Ouvimos as declarações patéticas proferidas pela esfíngica figura que é o Governador do Banco de Portugal e apercebemo-nos como é que a CMVM foi “ludibriada” durante anos por banqueiros obrigados a disponibilizar toda a informação financeira sobre os negócios do banco.

Se nada disto funcionou quando estavam em causa factos susceptíveis de serem puníveis à luz do Direito Penal como é que poderia funcionar a regulamentação de mercado dentro de um sector que à partida é aceite como o mais regulado e que até se diz auto regular?

Não funcionou, por isso mesmo, porque se presumia que funcionava!

Porque se confiou na boa fé dos banqueiros e instituições!

Reguladores, investidores e políticos foram ingénuos ao ponto de confiar que todas as informações, sobre os produtos financeiros, eram disponibilizadas quando na verdade, sabemos agora, era praticamente impossível descortinar qual a origem de muitos produtos financeiros, agora apelidados de tóxicos.


Bom! Reportando-me apenas aos nossos reguladores pergunto: - porque “carga de água” é que se continua a confiar em indivíduos que apesar de terem conhecimento que o BCP vendia acções do banco a crédito só actuaram, multando o banco, quando se “viram apertados”.

Actaram oito anos após o banco iniciar tais práticas conhecidas de todos.

Quantos pais de família aliciados, por gerentes de balcão, não “investiram” com recurso a crédito proporcionado pelo próprio banco?

E não venham dizer que o BCP simplesmente ocultou informação.

Por não se compreender a atitude acrítica, da entidade reguladora, perante as informações obtidas é que compreende a atitude do BCP baseada no ditado popular “todos os burros comem palha, a questão é saber dar-lha.”

Se as autoridades dos diferentes estados foram incapazes de controlar, através da regulação, os seus mercados não é de estranhar a sua impotência para regular, controlar e estabilizar um mercado financeiro global onde, como se viu, a dissimulação impera.

Por isso preparemo-nos para pagar a crise. Esta é, para já, a única verdade inelutável que decorre da crise financeira mundial

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