O meu amigo Varandas enviou-me a fotografia que pontua este post.
Habituamo-nos a ver as exigências de manifestantes seja por melhores salários, contra esta ou aquela politica social.
Não esperávamos, definitivamente, ver manifestações onde se reclama a diminuição das taxas de juro.
É um lugar-comum dizer que temos que pagar “a crise” para acabar com a crise caso contrário acabará ela connosco.
É certo que tivemos e temos um problema com as entidades reguladoras.
Entidades dirigidas por indivíduos escolhidos, não se sabe com que critério, por outros que saltam dos partidos para o governo do governo para as entidades reguladoras e destas para as empresas.
Se este não for o trajecto o que é certo é que a promiscuidade pontua entre a política e a alta finança.
Apercebemo-nos no caso BCP, por exemplo, do que não funcionou e do que funcionou.
Por um lado não funcionou a entidade tutelar ou seja o Banco de Portugal.
Ouvimos as declarações patéticas proferidas pela esfíngica figura que é o Governador do Banco de Portugal e apercebemo-nos como é que a CMVM foi “ludibriada” durante anos por banqueiros obrigados a disponibilizar toda a informação financeira sobre os negócios do banco.
Se nada disto funcionou quando estavam em causa factos susceptíveis de serem puníveis à luz do Direito Penal como é que poderia funcionar a regulamentação de mercado dentro de um sector que à partida é aceite como o mais regulado e que até se diz auto regular?
Não funcionou, por isso mesmo, porque se presumia que funcionava!
Porque se confiou na boa fé dos banqueiros e instituições!
Reguladores, investidores e políticos foram ingénuos ao ponto de confiar que todas as informações, sobre os produtos financeiros, eram disponibilizadas quando na verdade, sabemos agora, era praticamente impossível descortinar qual a origem de muitos produtos financeiros, agora apelidados de tóxicos.
Bom! Reportando-me apenas aos nossos reguladores pergunto: - porque “carga de água” é que se continua a confiar em indivíduos que apesar de terem conhecimento que o BCP vendia acções do banco a crédito só actuaram, multando o banco, quando se “viram apertados”.
Actaram oito anos após o banco iniciar tais práticas conhecidas de todos.
Quantos pais de família aliciados, por gerentes de balcão, não “investiram” com recurso a crédito proporcionado pelo próprio banco?
E não venham dizer que o BCP simplesmente ocultou informação.
Por não se compreender a atitude acrítica, da entidade reguladora, perante as informações obtidas é que compreende a atitude do BCP baseada no ditado popular “todos os burros comem palha, a questão é saber dar-lha.”
Se as autoridades dos diferentes estados foram incapazes de controlar, através da regulação, os seus mercados não é de estranhar a sua impotência para regular, controlar e estabilizar um mercado financeiro global onde, como se viu, a dissimulação impera.
Por isso preparemo-nos para pagar a crise. Esta é, para já, a única verdade inelutável que decorre da crise financeira mundial
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