quarta-feira, 3 de dezembro de 2008


Falta de Vergonha I

A Dra. Cândida Almeida ao revelar na TSF que a Polícia Judiciária foi afastada das investigações na “Operação Furacão” porque «houve situações» que obrigaram o Ministério Público a prescindir dessa colaboração, sem concretizar os factos que levaram ao afastamento daquela policia de investigação, levantou inúmeras interrogações.


Só se prescinde da colaboração da PJ, do órgão de policia criminal, caso algum risco haja para a investigação.


A investigação judicial conhecida por “Operação Furacão” envolve “boas e grandes” empresas e uma afirmação destas é uma sentença de morte à credibilidade da investigação.

Esta notícia, que passou pelo país como “cão em vinha vindimada”, seria num país normal pretexto para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
No entanto a noticia foi pura e simplesmente esquecida.


Os políticos renunciaram a aprofundar quais as “situações” objectivas que levaram o titular das investigações, o Ministério Público, a dispensar os investigadores.


Carlos Almeida dirigente da Associação Sindical da PJ veio de imediato esclarecer o que Cândida Almeida não esclareceu mesmo após aquele dirigente lhe ter lançado pessoalmente tal desfio.


Para evitar suspeições Carlos Almeida apressou-se a esclarecer que o M.P prescindiu da colaboração porque havia um conflito "acima de tudo de liderança … de duas lideranças”.

Pasme-se!... A justiça portuguesa prescinde da sua principal instituição de investigação por causa de um conflito de personalidades.


Veremos no futuro se os políticos não ressuscitarão, no final da investigação, as declarações da Dr. Cândida Oliveira.

Falta de Vergonha II


Há quem diga que o Banco Privado Português foi salvo da falência.


Tenho, pelo contrário, a forte convicção que o que o estado não pretendeu salvar o banco da falência mas sim resgatar do lixo pequenas e grandes fortunas confiadas ao BPP.


Era natural acreditar que o BPP, atento o seu “cor business”, pudesse vir a passar por uma grave crise financeira como, alías, veio a suceder.


Já não é natural ver um estado de direito branquear, salvando-os, "investimentos" ruinosos efectuados por um banco a mando de 3 000 clientes.


Para o normal cidadão o Estado criou o Fundo de Garantia Bancário que assegura os saldos de contas até € 25 000,00.

Aos ricos o Estado garante a totalidade do montantes dos saldos como os investimentos desde que depositados em bancos "privados" .


Os particulares e as empresas que confiam o seu dinheiro a um “banco de empresários”, como o BPP se auto – intitula, não procuram a segurança mas sim o investimento.

O português médio confia os seus depósitos aos bancos para que este o utilize rentabilizando-o sem riscos, aqueles empresários e empresas confiam-no para que o banco o invista independentemente do risco.

Alias, segundo julgo saber, neste tipo de bancos até o grau de risco pode ser negociado.


O BPP que representa menos que uma gota no oceano do nosso sistema financeiro, mais propriamente 0,2% do mercado, é instrumento a que os ricos e influentes recorrem para, através da especulação financeira, maximizar o seu dinheiro.


Foram estes mesmos empresários que, durante décadas, produziram o ar que encheu o balão que veio a explodir.


Não foram as hordas de cidadãos que ao adquirirem casas com recurso a créditos, impossíveis de liquidar, provocaram a crise financeira foram-no, como refere Robert Israel Aumann, os bancos que incentivaram os gerente “a vender o máximo” de créditos. “Por isso os directores do sector de empréstimos dos bancos receberam bónus pela quantidade de empréstimos” que concederam.


Depois da "bolha" explodir, mais uma vez, uma horda de cidadãos contribui com os seus impostos para salvar a banca.


Este facto demonstra que este governo é pura retórica.


Esta actuação demonstra que o governo não se preocupa, por um momento sequer, com os cidadãos quando estão em causa interesses de gente poderosa.


É este pelo menos os sentimento que trespassa a sociedade portuguesa.


É o sentimento daqueles portugueses cujos impostos garantem depósitos e investimentos superiores a € 25 000,00 desde que confiados a “Bancos Muito Privados.”

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