domingo, 24 de outubro de 2010

Dedicado a Buda

Seguia Buda, um dia, o seu caminho,

Sob os raios do sol que o penetravam,

Quando avistou, deitado, um cão velhinho,

Com chagas, onde os vermes pupulavam.


E, com amor e fraternal carinho,

Limpou-lhe as chagas podres, que cheiravam

Tão mal! – livrando assim o pobrezinho,

Mendigo cão das dores que o matavam.


Mas, preocupado, continuou andando…

E lembrou-se dos vermes, que, ficando

Sem nenhum alimento, iam morrer.


E voltou junto deles; e um pedaço

De carne, ali, cortara do seu braço

E, abençoando-os, deu-lhes de comer.

(Teixeira de Pascoaes in As Sombras)

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