sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A tortura em si não é problema, o problema são as marcas!



“ – Mas que merda é esta? – diz Praxedes.- Mas alguém bateu naquela gaja?”- Pois, para todos os efeitos ficamos conhecidos como bandidos, rapazes - responde Leonel sorrindo.”
”- Mas pensem lá um bocadinho, caraças - intervém Cristóvão -, vocês repararam que os olhos não têm marcas de agressões, marcas abrasivas, de objectos, etc. ? O que ali estamos a ver é o sangue pisado da cabeça dela, quando embateu contra a parede nas escadas e que, por não a terem deixado deitada, começou a descer…- continua exemplificando com a mão sobre a cabeça e a descer. - No primeiro dia está aqui - apontando para o couro cabeludo -, no segundo dia está aqui - aponta para a testa -, no terceiro dia está aqui -aponta para os olhos -, depois vai descendo, caraças… agora tiraram as fotos propositadamente quando o aspecto é pior…”
(in “A estrela de Joana”)
Já aqui, em Setembro de 2007, escrevi sobre a acusação de tortura que são alvo inspectores da P.J.
Já transcrevi, volto a fazê-lo hoje, excertos do livro “A estrela de Joana” de Paulo Pereira Cristóvão também ele arguido no processo.
As ofensas corporais perpetradas por inspectores da PJ sobre arguidos não são desconhecidas dos profissionais do foro.
Quantos advogados não ouviram lamentos?
Quantos arguidos não se queixaram, aos seus advogados, por terem levado com a lista telefónica?
Não foi há muito tempo que conheci alguém que me contou ter levado “uma grande lambada” após de ter confessado voluntariamente um crime.
Porquê? Porque sim!
Quantos arguidos são ouvidos, leia-se massacrado, informalmente pelos inspectores PJ longe do olhar dos seus advogados.
A diferença entre centenas de casos e o caso da Leonor Cipriano são, tão só, as marcas.
A tortura em si não é problema, o problema são as marcas!
É por isso que um dos advogados, como podemos conferir aqui, questiona a veracidade das fotos ao mesmo tempo que garante que
“ ...é a polícia judiciária que está a ser julgada.”

Um comentário:

Anônimo disse...

não acha estranho alguns aspectos do documento apresentado pelo CM, como a hora de entrada dos inspectores da DCCB serem todos ás 20:00 precisas estando a divisão a que pertence introduzida na coluna errada, quando as horas de entrada e saida de todos os outros inspectores não envolvidos na acusação, estão descritas com horas e minutos precisos como por exemplo 22:54 ? Pergunta legitima: terá sido batido documento à pressa ? Ganda pontaria. Entraram precisamente 7 pessoas, todas juntas às 20 horas e 00 minutos. Chama-se a isto na minha terra: "um puta de um pontaria tremenda" ...