segunda-feira, 22 de outubro de 2007


Num qualquer jornal da noite ouvi um magistrado, do Ministério Público, explicar porque é que é impossível acontecerem escutas telefónicas sem o controlo de um juiz. Os jornalistas deveriam fazer o trabalho bem feito procurando as pessoas certas que demonstram como é que as escutas podem ser efectuadas sem o controlo, efectivo, de um juiz. Pensar que é impossível escutas sem controlo é o mesmo que acreditar que todos os polícias, magistrados, advogados, médicos, em suma, os cidadãos são, sem excepção, boas pessoas.
Volto aqui a referir a Dra. Amália Morgado que, sem medo, conta que: - “A PJ estava habituada a que autorizassem as escutas sempre. Mas eu só autorizava em casos contados (quando Julgava reunidos os legais requisitos) e queria sempre, acompanhar a par e passo. A ideia que me ficava, era de que o Ministério Público se demitia das suas funções, não fazendo qualquer controlo dos pedidos da PJ, promovia exactamente, tudo o solicitado e depois quando não eram autorizados "tomava as dores" da PJ e não concordava com a decisão, tendo chegado a recorrer, mas não viram ser-lhes dada razão. Eu ao alterar aquela prática instalada, ao exigir fundamentos, obriguei a maior investigação e maior empenho, e isso nunca foi bem aceite, a começar pelas policias. Lembro-me que, como eu não autorizava as escutas de animo leve, arranjavam maneira de contornar que os processos para escutas, não passassem por mim. No dia em que eu estivesses de turno, os processos não vinham. Como nem toda a gente tinha as mesmas exigências para que é que eles iam dar-se ao trabalho de pôr a investigação correcta?”
JN:” A PJ fazia tudo para evitar que os processos lhe fossem parar as mãos?”
Dra. Amália Morgado: "Exactamente.”


Venha quem vier a “ verdade está lá fora!”